terça-feira, 21 de abril de 2009

Jornais digitais: cobrar ou não pelos acessos?

Cobrar ou não pelos acessos a seus conteúdos digitais é a grande questão sobre a qual se debruçam os homens da imprensa escrita atualmente. E este não é um privilégio da imprensa brasileira, o questionamento atinge as empresas em todo o mundo e, principalmente, a norte-americana. A Associated Press (AP) tem ido além e questionado os agregadores e buscadores de notícias, que, segundo a associação, estão usando o produto das empresas jornalísticas para obterem lucro, sem pagarem nada por isto.

Inicialmente os grandes veículos jornalísticos acreditavam na publicidade para gerar receitas. Entretanto, a publicidade digital ainda está engatinhando, inclusive no que tange a regulamentação, o que está ocasionando esta “correção de rumos”, no dizer de Ricardo Pedreira, diretor executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ).


Ricardo Gandour, diretor de conteúdo do Grupo Estado, acredita que os meios de informação precisam formalizar, urgentemente, um modelo de negócio pago para a plataforma digital, principalmente para que se preserve a qualidade jornalística. Já o superintendente do Grupo Folha, Antonio Manuel Teixeira Mendes, vê o risco de que haja um “travamento” do modelo, caso não se encontre um "sistema economicamente viável". Segundo Mendes, há vários segmentos ganhando dinheiro no universo digital (telecoms, tecnologia, plataformas...), mas o que aparece na tela não está sendo monetizado.

No Brasil estamos assistindo ao advento do conteúdo misto, como no caso da Folha OnLine que tem acesso livre para suas versões digitais, mas mantém a exclusividade de suas edições impressas a seus assinantes, como um modelo Premium.


Outra possibilidade aventada seria o micropagamento, como o utilizado para os arquivos musicais. Para o presidente do Internet Advertising Bureau Brasil, que regulamenta o uso dos meios interativos de comunicação e marketing, Guilherme Ribenboim, o mesmo sistema não funcionaria para o conteúdo jornalístico. Este também é o pensamento de Marcelo Rech, do Grupo RBS, do Zero Hora e outros sete jornais. Marcelo acredita que a cultura de gratuidade se estabeleceu na internet e que somente um conteúdo muito diferenciado faria com que os internautas pagassem por ele, como o que acontece com o The Wall Street Journal.

O presidente do RBS, Nelson Sirotsky, pensa de forma diferenciada. Para ele, o modelo do jornal impresso é que deverá se adaptar à nova realidade, tornando-se “cada vez mais interpretativo, analítico, com visões exclusivas e antecipando o que será relevante nos próximos dias. Isso poderá ser cobrado, até mesmo na internet".

A Associated Press esquentou a discussão quando informou que ampliará a proteção do conteúdo de suas associadas, limitando-os e fiscalizando seu uso por outras páginas online. O ataque teve alvo certo, assim entendeu o Google, que rebateu informando que mantém parceria com a AP, mas que basta uma solicitação para que os textos sejam excluídos de seu sistema de busca.

O Google, no Brasil, tem acesso a todos os veículos jornalísticos, exceto ao Folha de S. Paulo. Para a equipe administrativa de O Globo, o Google realmente leva importante parte da receita publicitária, mas, em contrapartida, responde por grande parte do tráfego de seu conteúdo digital. Contudo, a empresa mantém o acesso à versão em PDF de sua edição restrita a seus assinantes.

O Google admite que compete com os veículos noticiosos no que se refere à publicidade, mas contra-argumenta com o tráfego que envia a esses mesmos veículos.

Meio e Mensagem (Jonas Furtado - Web força jornais a rever modelos digitais)

1 comentários:

Eduardo Buys disse...

Esta é uma questão e tanto.
O meu comentário, sem nenhuma fundamentação técnica, apenas com a visão do cliente, é de que o acesso deve ser aberto, pelo menos para as chamadas 'de primeira página'. Se os assuntos tem alta especialização, ou são de fontes muito específicas, talvez se justifique a cobrança de assinatura, para obter a senha de acesso.
No mais, tudo liberado, sustentado pelos anunciantes das páginas.
Na cerdade, é mais parecido com a midia convencional do que parece: o acesso ao jornal de papel ocorre pela compra do exemplar. Em geral são valores quase simbólicos, para o custeio do papel, da tinta, da distribuição. Porque cobrar isto, quando a mídia eletrônica não tem custos desta natureza?
Saudações,
Edu

 

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